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Kurt Lewin e Chester Barnard - análises

Atividade Individual IA m3 - Kurt Lewin e Chester Barnard :: Desenvolvida da Disciplina de Introdução a Administração - FGVonline


A presente tarefa tem como objetivo a análise do posicionamento de Kurt Lewin e Chester Barnard em relação às técnicas participativas e ao equilíbrio das relações no universo organizacional. Será analisado o discurso da cooperação, do consenso, da integração e da participação como forma de se atingir o equilíbrio das relações no universo organizacional. Serão analisadas, também, a validade desse discurso para dissimular a dominação então existente nas organizações e as relações entre o discurso e os objetivos de ambos estudiosos.



A importância do desenvolvimento dessa tarefa se dá pela relevância destes nomes nos estudos que envolvem questões psicológicas, sociais e psicossociais acerca da evolução da Administração. Kurt Lewin e Chester Barnard são nomes lembrados até hoje em virtude de suas teorias e experimentos em laboratório, o que originou grande variedade de abordagens teóricas e tratamentos, influentes em escolas de psicologia, pensamento, teorias sociais, psicossociologia e administração.



Kurt Lewin, 1890-1947, foi o psicólogo que constitui a passagem da Teoria das Relações Humanas para o movimento das Ciências do Comportamento, inspirando e orientando muitos pesquisadores dedicados à Administração e à Psicologia Industrial. Foi também a maior influência para a introdução da Psicologia Gestalt nas universidades americanas. Lewin, com suas descobertas e teorias, continua inspirando pesquisas no campo da Psicologia Social.

Chester Barnard, 1886-1961, foi graduado em Harvard e fez carreira de quase quarenta anos na ATT – American Telephone and Telegraph. Ocupou, também, diversas funções públicas como chefe do Conselho Geral de Educação, presidente da Fundação Nacional de Ciência e assistente do Secretário do Tesouro, entre outros. Publicou dois livros: The Functions of the Executive (1938) e Organization and Manegement (1948), ambos pela Harvard University Press.

Kurt Lewin conduziu a Psicologia Social a um plano mais realista, transformando-a em uma ciência experimental. Lewin orientou seus estudantes no desenvolvimento de uma metodologia de investigação chamada pesquisa-ação, com enfoque na informação, interação e colaboração. Tratava-se de um processo colaborativo no qual os membros de uma equipe de pesquisa-ação trabalhavam juntos para solucionar um problema, refletindo criticamente sobre suas ações e suposições, a partir de quatro passos: planejamento, ação, observação e reflexão.

Lewin, em 1935, relacionava em suas pesquisas o comportamento social com a motivação. Em cima disso, elaborou a Teoria de Campo, um método de análise das relações causais e de elaboração de construtos científicos. Ligada à Teoria da Gestalt, refere-se à interdependência das diferentes relações causais entre o parcial e o global na experiência comportamental. Algumas bases dessa Teoria se atêm a espaço de vida; a conceitos dinâmicos, como necessidade, tensão e energia; processos como a percepção, a ação e a recordação; a mudanças individuais causadas por algum aprendizado.

Na Teoria da Dinâmica de Grupo, Lewin imaginou uma pesquisa capaz de abranger questões gerais dos grupos, como a vida familiar, equipes de trabalho, salas de aula, comissões, comunidades e unidades militares. Selecionou-se para a pesquisa o problema de liderança, por sua importância prática na educação, na administração e em questões políticas. Esse trabalho compreendia, como parte geral do problema, questões como liderança, status, comunicação, normas sociais, atmosfera coletiva e relações intergrupais.

Chester Barnard, no prefácio de seu livro The Functions of the Executive, apresenta uma teoria de cooperação na organização formal. Essa cooperação se origina de uma necessidade individual de cumprir propósitos de um sistema onde elementos biológico, psicológicos e sociais são combinados. Esse indivíduo precisa atingir os propósitos da organização (ser eficaz) bem como satisfazer suas necessidades pessoais (ser eficiente). Para Barnard, a cooperação é essencial para a sobrevivência da organização, se nela houver pessoas capazes de se comunicarem entre si, dispostas a contribuir com uma ação e a fim de cumprirem um propósito comum.

A metodologia pesquisa-ação de Lewin demonstrou que as atitudes da liderança têm correlação direta com a moral e produtividade dos funcionários. Seu interesse foi focado em pequenos grupos, analisando as variáveis de coesão, padrões dos grupos, motivação, participação, processo decisório, produtividade, preconceitos, tensões, pressões e formas de coordenar um grupo. Lewin, assim como Barnard, considera os grupos como sendo responsáveis por atingir os objetivos organizacionais, a partir da concordância comum sobre esses objetivos e os meios de alcançá-los, resultando a solidariedade do grupo.

A partir da Teoria de Campo, Lewin desenvolveu uma série de experimentos sobre a motivação, a satisfação e a frustração, bem como acerca dos efeitos da liderança autocrática e democrática em grupos de trabalho. Outras pesquisas feitas, a partir da Teoria da Dinâmica de Grupo, abordando questões como a atmosfera dos grupos e estilos de liderança, mostraram que os mesmos desencadeiam efeitos no funcionamento dos grupos. A Escola da Dinâmica de Grupo desenvolve uma proposição em que o comportamento, valores e crenças de um indivíduo baseiam-se nos grupos aos quais pertence. Com isso, mostrou-se que os grupos podem agir sobre o indivíduo como instrumentos de mudanças, como metas de mudanças, ou ainda, como agentes de mudanças.

Chester Barnard formulou a Teoria da Aceitação da Autoridade, onde a autoridade é o caráter da comunicação em uma organização formal, o receptor dessa comunicação é quem vai decidir se aceitará uma ordem ou não. Surge, assim, um novo conceito de autoridade, baseado na forma de aceitação de normas e ordens.

Para Barnard, além de planejar, organizar, motivar e controlar, os executivos devem desenvolver sua capacidade de planejamento social, com o objetivo de manter um sistema de esforços cooperativos. Com isso, ele destaca subfunções como a criação e manutenção de sistemas de comunicação, sendo o canal para essa comunicação; assegurar os serviços essenciais para cada indivíduo, buscando a cooperação através de uma boa administração de pessoal; definir os propósitos da organização e deixá-los bem claros para o bom entendimento e melhor execução das tarefas, unificando as pessoas em busca de um objetivo.

Kurt Lewin é citado como ”pai” da pesquisa-ação. Ele tinha muito interesse na relação da justiça social e a investigação rigorosa, inclusive por motivos pessoais. Visava a uma mudança social positiva. Estudava hábitos na guerra; lutava contra o racismo; estudava a democracia; desejava investigar algo que fosse útil para a realidade e imediatamente aplicável. Além disso, como mostram seus estudos, Lewin estava interessado em desvendar as forças que instigam ou desanimam as pessoas a agirem de uma forma ou outra em determinadas situações, na forma como as pessoas percebem os acontecimentos internos e externos e queria desenvolver modelos úteis de investigação para essas e outras questões. Como maior psicólogo das Ciências do Comportamento, Kurt Lewin deixou como suas maiores contribuições a criação da Teoria de Campo e da pesquisa-ação e foi considerado o fundador da Dinâmica de Grupo.

Charles Barnard, autor de dois livros acerca do tema organização-gerenciamento, deixou contribuições também importantes ao estudo das ciências sociais e da psicologia social. Para Barnard, a organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. À sobrevivência dessa organização, ele considera a cooperação como essencial. Charles Barnard trouxe novas contribuições às funções de um executivo, definindo-o como mantenedor de um sistema de cooperação e como canal de comunicação, na qual a autoridade é aceita ou desobedecida pelos indivíduos – o que ele trata em sua Teoria da Aceitação da Autoridade, como visto anteriormente.

Os estudos realizados por Lewin e Barnard levaram ao conhecimento a dinâmica subjacente à vida em grupo e ao fortalecimento de seus alicerces. Esses estudos, pesquisas e experiências permitiram estabelecer certas convenções acerca dos grupos, visando à existência de uma tese implícita nos fatores psicológicos que permeia a psicologia social e a sociologia. Kurt Lewin foi pioneiro na área ao submeter teorias a experimentos controlados em laboratório, o que resultou uma grande variedade de tratamentos e abordagens teóricas, refletindo escolas de pensamento, filosofia e teorias sociais. Ambos são lembrados até os dias de hoje como marcos para os estudos sociais e de psicologia social, bem como a grande influência nos estudos administrativos em relação a recursos humanos e estruturas organizacionais.

Referências Bibliográficas

ANTONELLO, Claudia Simone; JÚNIOR PUJOL, Eni; SILVA, Magda Valéria. Escola das relações humanas. Disponível em:
http://nutep.adm.ufrgs.br/adp/RH.html. Acesso em: 03 dez. 2007.

ANTONELLO, Claudia Simone; JÚNIOR PUJOL, Eni; SILVA, Magda Valéria. Teorias transitivas em administração. Disponível em:
http://gestor.ea.ufrgs.br/adp/transitiva.html. Acesso em: 27 fev. 2008.

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